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2 - Apesar de alta em agosto, indústria produz no mesmo nível de 2009

PEDRO SOARES RIO DE JANEIRO, RJ - O esboço de retomada da indústria em julho e agosto não livra o setor de um fraco desempenho neste ano nem compensa as perdas acumuladas entre o segundo trimestre de 2013 e o primeiro deste ano. Um dado ilustra tal situa

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.10.2014, 12:50:00 Editado em 27.04.2020, 20:07:52
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PEDRO SOARES
RIO DE JANEIRO, RJ - O esboço de retomada da indústria em julho e agosto não livra o setor de um fraco desempenho neste ano nem compensa as perdas acumuladas entre o segundo trimestre de 2013 e o primeiro deste ano. Um dado ilustra tal situação: o setor operou, em agosto, num ritmo de produção pouco abaixo ao de novembro de 2009, quando o país sofria o impacto da crise iniciada no fim de 2008.
Numa situação de normalidade e de crescimento mais firme da economia, a tendência é sempre que esse patamar de produção (medido pela quantidade de produtos fabricados) aumente.
Mas juros maiores, confiança de empresários e consumidores debilitada, invasão de produtos importados, dificuldades da indústria brasileira de exportar dragaram a força do setor. Nesse contexto, a indústria trabalhava em agosto 6,2% abaixo do seu pico de produção, atingido em julho de 2013.
Soma-se a esse cenário turvo, segundo especialistas, medidas apenas paliativas do governo -cujo efeito já se esgotou. Falta, dizem, uma política industrial de longo prazo, que passa por melhora na infraestrutura portuária, rodoviária, ferroviária, na redução de tributos e em menos entraves burocráticos, como defendem as entidades representativas da indústria.
Dentre iniciativas curto prazo do governo, estão o IPI reduzido e o crédito do BNDES subsidiado (com custo até abaixo da inflação em algumas linhas de crédito) pelos aportes do Tesouro ao banco de fomento. Ambos foram reduzidos neste ano por causa da piora das contas do governo.
"[Programas de estímulo] têm se mostrado inócuos para estimular o consumo de determinados bens e menos eficientes do que foram no passado, notadamente durante a crise de 2008 e 2009", disse André Macedo, economista do IBGE.
Essa perda de eficácia, diz, já ocorre há "algum tempo", mas se intensificou desde meados de 2013 e ainda mais neste ano -quando os incentivos do desconto do IPI foram reduzidos e os juros do BNDES aumentaram, pois o Tesouro não tinha mais fôlego em razão da dificuldade fiscal que o governo Dilma enfrenta, com deficit corrente crescente e arrecadação menor. Neste último caso, em razão do fraco crescimento do PIB, cuja alta estimada por analistas é de em torno de 0,5%.
INCERTEZAS
Para Macedo, o consumo combalido das famílias -em especial das de menor renda- também afeta a indústria, pois a renda que já cresce a passos bem mais lentos neste ano está comprometida com o pagamento de dívidas.
Esse ambiente de incertezas, diz, leva o setor a um comportamento errático mais visto em ramos como o de veículos -o de maior importância para a indústria porque demanda produtos de outros vários ramos (vidros, borracha, plásticos e outros) e um dos de maior peso, ao lado de alimentos.
"O que vimos é um crescimento que não se sustenta em vários setores porque, quando a produção cresce num mês, logo ela se reduz no outro para evitar o acúmulo de estoques", disse Macedo.
Os dados comparados com 2013 dão a dimensão da crise da indústria ainda não superada. Neste ano, o setor acumula perda de 3,1%. Em 12 meses encerrados em agosto, o recuo é de 1,8%.
José Kobori, economista do Ibmec, diz que "essa alta de 0,7% [frente a julho] não significa nada ao ser olhar os dados de mais longo prazo." É que a recuperação em agosto foi baseada na maior produção de bens intermediários (insumos como aço, fios, peças, cabos, produtos químicos e outros), em alta graças às encomendas das fábricas de produtos de consumo final (veículos, eletrodomésticos e outros) que têm de estar com sua produção finalizada em outubro.
Outro impulso veio da maior produção de petróleo, que se acelerou em agosto.
Como o dado de julho veio acima do previsto, economistas estão revendo suas contas, mas estimam uma perda na faixa de 2,5% para o setor neste ano. O Itaú previa alta de 0,4% para agosto.

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