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Aumento da energia elétrica preocupa indústria

A conta de energia elétrica está tirando o sono dos empresários paranaenses. Estudo da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostra reajuste da tarifa de até 127% de junho de 2014 a março de 2015, dependendo do tamanho da empresa. Na média, o aumento

Da Redação

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Com reajuste da tarifa em até 127%, Fiep cobra rediscussão do modelo energético brasileiro - Foto: Delair Garcia
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Com reajuste da tarifa em até 127%, Fiep cobra rediscussão do modelo energético brasileiro - Foto: Delair Garcia
Escrito por Da Redação
Publicado em 27.04.2015, 13:30:00 Editado em 27.04.2020, 20:00:29
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A conta de energia elétrica está tirando o sono dos empresários paranaenses. Estudo da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostra reajuste da tarifa de até 127% de junho de 2014 a março de 2015, dependendo do tamanho da empresa. Na média, o aumento superou os 100% no período inferior a um ano.

Como a energia é o principal insumo da indústria, os empresários paranaenses decidiram reagir. A Fiep está encabeçando uma mobilização nacional com o objetivo de propor a rediscussão do modelo de energia brasileiro, buscando formas de reduzir o impacto nas empresas. Segundo a Fiep, a situação chegou ao limite, com ameaça de demissões em massa.A bronca do empresariado está nos reajustes extraordinários da energia - não previstos pelo calendário oficial da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - e também na adoção das bandeiras tarifárias.A conta de energia terá dois aumentos em 2015.

O primeiro ocorreu em março, quando a tarifa ficou, em média, 40% mais cara para a indústria no Paraná. O reajuste não estava previsto e foi determinado pela Aneel devido à crise energética no País. O reajuste regulamentado virá agora em junho, quando a Copel, por contrato, revê sua tarifa de energia.Além disso, a adoção do Sistema de Bandeiras Tarifárias, em janeiro deste ano, também impactou no valor.

As bandeiras verde, amarela e vermelha indicam se a energia custará mais ou menos, em função das condições de geração de eletricidade. A verde mostra condições favoráveis e a tarifa não sofre nenhum acréscimo; a amarela indica condições de geração menos favoráveis e a tarifa sofre acréscimo de R$ 2,50 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido; e a vermelha aponta condições mais custosas de geração e implica em acréscimo de R$ 5,50 para cada quilowatt-hora kWh consumido. Na prática, quanto mais a indústria consome, mais gasta com energia com as bandeiras, que também têm embutidos mais impostos. Desde janeiro, a bandeira adotada é justamente a vermelha. A bandeira de maio será divulgada no próximo dia 30.

REUNIÕES TÉCNICAS - O assessor técnico de Infraestrutura e Logística da Fiep, João Arthur Mohr, afirma que o tema energia elétrica vem dominando as últimas reuniões da diretoria da federação. É consenso de que os valores praticados hoje no País são inaceitáveis e colocam em risco a indústria, ameaçando emprego, renda e a própria economia. Por isso, a Fiep está propondo uma rediscussão sobre o modelo energético brasileiro. “Em primeiro lugar, precisamos entender por que a energia produzida no País é tão cara.

O Paraguai, por exemplo, que fica com metade da produção da Usina de Itaipu, oferece aos empresários a energia a 30% do valor entregue no Brasil”, explica. Ele admite que o sistema brasileiro é mais complexo, no entanto, observa que em outros países, principalmente na Europa, que usam a energia de termoelétricas, muito mais cara que a hidrelétrica, a mais utilizada no Brasil, o custo é muito mais baixo para o empresariado.

“O Brasil precisa gerar emprego e desenvolver a indústria. A energia não pode ter um custo deste tamanho, mesmo em período de seca”, assinala. Ele também afirma que o País precisa rever a produção privada de energia, que hoje é subvalorizada e pouco estimulada. Nesse contexto, a Fiep defende as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). “O Paraná tem cerca de 100 PCHs que estão travadas. São usinas de pequeno impacto ambiental e que seriam importantes para o abastecimento de energia industrial”, comenta, lembrando que hoje o Paraná tem a terceira energia elétrica mais cara do País.

Bandeiras tarifárias em debate

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A questão das bandeiras tarifárias é outro ponto em debate. A Fiep, por sugestão do vice-prefeito de Apucarana Júnior da Femac (PDT), integrante da diretoria da federação, estuda maneiras de contestar esse sistema judicialmente. Júnior da Femac observa que os constantes reajustes estão diminuindo o poder de investimentos das empresas.

“A energia elétrica é um dos principais insumos da indústria. As empresas não têm como desligar suas máquinas para economizar”, assinala. Ele afirma que as bandeiras tarifárias são reflexo da falta de gestão energética no País. “Foi jogado todo o problema nas costas do empresariado e também do cidadão”, opina. Para Júnior, as causas dessa alta foram as decisões “equivocadas” do governo nos últimos 10 anos, como a instalação de usinas a fio d’água – que possuem reservatório pequeno, e posteriormente de termelétricas – para suprir a demanda de energia que cresceu no Brasil.

O impacto ambiental gerado pelas usinas termelétricas é grande, uma vez que utiliza óleo diesel e carvão como fontes. Com a seca no Brasil, os problemas foram agravados, e o governo viu como alternativa a aplicação das bandeiras tarifárias para estimular a economia de energia. “Não achamos justo penalizar toda a cadeia produtiva com a bandeira tarifária, por uma má gestão do governo. Além disso, a aplicação das bandeiras causa um desestímulo a novos investimentos no setor industrial, e com isso a redução de empregos. Para um país que precisa sair da situação econômica crítica em que se encontra, as bandeiras não colaboram para seu crescimento”, afirma.



Altas oneram setor produtivo


O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, afirma que o reajuste da energia é um problema a mais para a indústria, que já está sofrendo com a desaceleração da economia. “A energia elétrica é um dos principais insumos para a maioria dos setores industriais e sua tarifa tem impacto direto nos custos de produção das empresas. Esse impacto é ainda mais sentido por atravessarmos na atualidade um período em que temos, simultaneamente, a desaceleração da economia e a pressão nos custos por outros fatores, como aumento de impostos. Tudo isso tem um peso muito grande nas planilhas de custos das empresas, o que compromete ainda mais a competitividade da indústria brasileira e paranaense, criando dificuldades inclusive no mercado interno, onde enfrentamos a concorrência de produtos importados”, assinala Campagnolo. 

O empresário apucaranense Sérgio Biazzi, presidente do Sindicato da Indústria do Arroz, Milho, Soja e Beneficiamento de Café do Estado do Paraná, afirma que o reajuste de energia elétrica compromete a produção das indústrias. Ele defende a revisão, ao menos, das bandeiras tarifárias, como forma de amenizar os custos da tarifa. “A situação é insustentável”, diz.Ele assinala que a aumento da energia ocorre em meio a uma crise na economia, com a inflação alta. “A indústria não pode parar e estamos tendo que absorver esse aumento de custos”, diz, observando que até mesmo repassar o custo para o consumidor é difícil em meio à crise econômica. 

O gerente da Caramuru Alimentos, Vanderlei Faganello, critica a mudança de regras “no meio do jogo”. “A nossa empresa concluiu seu planejamento de 2015 em setembro de 2014. Assim, o aumento extraordinário da energia, que é um dos nossos principais insumos, gera impacto no orçamento. Isso reflete no negócio, já que concorremos com outras regiões do País onde o aumento da energia foi menor”, assinala.

Segundo ele, as três unidades da Caramuru têm uma conta de energia superior a R$ 500 mil mensais.Para Faganello, as bandeiras tarifárias são “injustas”. “Esse sistema penaliza mais a indústria. Quando mais você produz, mais você utiliza e maior é o custo”, diz. A empresária Carmen Lúcia Izquierdo Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Pré-Moldados do Norte do Paraná, afirma que a energia é matéria-prima e que a indústria não tem como economizar. Ela também defende o fim das bandeiras.

“Assim, teríamos, ao menos, um padrão de conta. Com as bandeiras, há variação da tarifa e não podemos passar um preço diferente aos clientes a cada mês”, compara. (Colaborou Ariane Bellan)

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