Arnold Schwarzenegger andou falando em entrevistas que não gostou de seu novo filme, ‘‘O Exterminador do Futuro: Gênesis’’, que estreia hoje no Brasil. Jogou contra a promoção do próprio trabalho.
Bem, ele pode ser várias vezes campeão mundial de fisiculturismo, uma das maiores estrelas de Hollywood no século 20 e ex-governador da Califórnia. Mas crítico de cinema não deve entrar em seu currículo. O filme é ótimo, esperto e divertido. Vale o ingresso. É natural que o público desconfie do quinto longa da franquia. Em 1984, o primeiro filme tinha Schwarzenegger em ponto de bala e a direção de James Cameron. Só faltou grana, algo que o cineasta contornou com maestria. No segundo, de 1991, com muito dinheiro e o personagem principal passando de bandido a mocinho, a franquia se transformou em culto mundial, com status de clássico da ficção científica.
Outras duas sequências sem Cameron, de 2003 e 2009, esta sem Schwarzenegger, trataram de pôr tudo a perder. Dois filmes medíocres. Aí vem este ‘‘Gênesis”, dirigido por Alan Taylor (do bom ‘‘Thor: o Mundo Sombrio”), que nos primeiros minutos de projeção parece ser apenas a nova versão do filme original. As máquinas que dominam a Terra no futuro enfrentam resistência de humanos comandados por John Connor. A ditadura metálica envia ao passado (anos 80) um robô para matar Sarah, mãe do líder rebelde, para impedir seu nascimento e eliminar sua presença no século 21. Mas, quanto o Exterminador chega peladão ao passado, nada mais acontece como no final original.
O robô, que é a figura de Schwarzenegger rejuvenescida por computação gráfica, nem tem tempo de vestir uma roupa. O enviado do futuro é destruído por... Schwarzenegger, que aparece como um Exterminador de idade madura. Um robô maduro? Sim, e o público pode se preparar para ver o Exterminador aparentando várias idades, inclusive grisalho e cheio de rugas. ‘‘Sou velho, mas não obsoleto!”, é o bordão que ele repete algumas vezes, substituindo o antigo ‘‘Eu vou voltar”, celebrizado no segundo filme, de 1991. O ‘‘envelhecimento” do herói robótico é explicado pelo roteiro, mas talvez seja a menor preocupação do espectador diante da trama de passados e futuros alternativos, em que Sarah, Kyle Reese (o humano que vem do futuro para protegê-la) e o próprio John Connor passeiam pelo tempo. Uma maluquice tremenda, mas o roteiro é inteligente. Principalmente porque brinca com os filmes anteriores, mas pode ser visto por quem não viu a série, sem nenhum prejuízo de entendimento.
E, claro, tem o simpático Exterminador/Schwarzenegger enfrentando de igual para igual robôs muito mais complexos e letais do que ele. Assim como seu personagem, essa franquia pode estar velha, mas não obsoleta. (Thales de Menezes/Folhapress)
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