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TV paga exibe clássicos de Hitchcock, Visconti e Kubrick

INÁCIO ARAUJO SÓ PODE SER PUBLICADO NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURASEGUNDA-FEIRA (3) Henry King é um cineasta com duas fases muito distintas. No mudo, foi um dos grandes de Hollywood. No sonoro, consolidou-se apenas como o diretor padrão da Fox: condutor d

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 03.08.2015, 19:24:40 Editado em 27.04.2020, 19:57:43
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SEGUNDA-FEIRA (3)
Henry King é um cineasta com duas fases muito distintas. No mudo, foi um dos grandes de Hollywood. No sonoro, consolidou-se apenas como o diretor padrão da Fox: condutor das grandes e pesadas produções do estúdio.
De tempos em tempos, porém, ele se permitia um exercício pessoal: um faroeste sem grandes complicações. Então, o cineasta de "E Agora Brilha o Sol" brilhava. Em duas ocasiões marcantes, ao menos, sempre com Gregory Peck: "O Matador" e "Estigma da Crueldade" (TC Cult, 1958, 22h).
Neste, Peck é Jim Douglas, o homem que persegue os quatro pistoleiros que mataram sua mulher. Nesse processo, o herói se transforma. Que bela imagem de dureza King vai criar. E depois de muito rodar, como em livro de Guimarães Rosa, os descobre presos.
Mas isso está longe de acabar. Os quatro fogem, a busca recomeça. Pois o filme a rigor é a busca, não a vingança. E uma busca cheia de surpresas.

TERÇA-FEIRA (4)
Certos filmes parecem concebidos para o sucesso, e esse é bem o caso de "Caçadores de Obras-Primas" (2014, TC Premium, 23h55).
Eles nos proveem, primeiro, de um elenco "all star": George Clooney, Matt Damon, Cate Blanchett etc. O tema tem sua originalidade: a recuperação, pelos Aliados, das obras de arte roubadas pelos nazistas dos países ocupados.
Adicione-se a isso um diretor que tem usado seu cartaz como ator para desenvolver uma obra pessoal e, não raro, política: George Clooney.
Daí vêm os problemas: uma Segunda Guerra que passa ao largo daquela carnificina infernal, e uma turma em busca dos valores mais duráveis da civilização. Impessoal também mas, afinal, fácil de ver, agradável, bom para fechar uma terça-feira.
Mais cedo, também fácil de ver, o ganhador da Palma de Ouro de 1962, "O Pagador de Promessas" (Arte1, 20h30).

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QUARTA-FEIRA (5)
Há duas questões fortes em "Festim Diabólico" (1948, TC Cult, 20h10). A primeira é o desafio que dois alunos propõem, de executar um crime perfeito bem nas barbas de seu mestre, James Stewart.
A outra, o desafio de Hitchcock: como os filmes com planos-sequência abundantes estavam na ordem do dia, ele resolveu fazer um que fosse, a rigor, um único plano.
Na época, as bobinas não comportavam mais de 10 min de negativo por vez. Então, tratava-se de fazer cortes disfarçados, para dar a impressão de total continuidade. Em suma, um desafio que o grande técnico que era Hitchcock não poderia deixar passar.
O resultado é paradoxal, pois a trama é apaixonante e a experiência também. Parece, no entanto, que esses dois aspectos não se misturam. Há algo de artificial no filme, aprisionado aos complexos movimentos de câmera.
Não raro nos deixa mais em suspense pensar no destino desses movimentos (no que vai dar?) do que no destino dos personagens. E, apesar disso, ou por isso, é magnífico.

QUINTA-FEIRA (6)
Quem assistir à obra de Stanley Kubrick numa só tacada corre o risco de entrar numa depressão profunda. Seu olhar para a espécie humana não é nada gentil. Por isso é melhor vê-los um a um, à moda homeopática.
O filme de hoje é grandioso: "Laranja Mecânica" (1971, Max, 17h15) nos fala de uma gangue absolutamente selvagem, para quem o outro existe apenas como objeto de sua perversidade.
A sociedade reagirá e proporcionará a seu líder (Malcolm McDowell) um tratamento psicológico capaz de mudar sua personalidade (nota: dessa maneira de agir não está excluída a questão, hoje tão atual, do efeito das drogas).
Ok. Ele muda. Mas então o que veremos se revelando são suas antigas vítimas. Destituído o inimigo de seu poder, é a hora de a perversidade dos fracos se manifestar.
Opção não muito menos sombria: "Cartas de Iwo Jima" (2006, Cinemax, 19h45): Clint Eastwood na 2ª Guerra.

SEXTA-FEIRA (7)
"Melhor É Impossível" (1997, Max Up, 18h30) tem qualidades pouco frequentes. Começam no argumento sobre o escritor de maus bofes forçado a conviver com a única garçonete que o serve a contento e com o vizinho homossexual.
Eis aí o que é o personagem de Jack Nicholson: misantropo, homofóbico e machista. E cheio de manias também. Conduzir uma história dessas com tato e talento (sem contar o humor: trata-se de uma comédia) não é tão fácil assim.
E a trama de James L. Brooks é ágil como uma comédia dos anos 1930 ou 40, mas aplicada a questões atuais. É preciso não forçar a barra, não se tornar óbvio. Conduzir mudanças na percepção de mundo dos personagens centrais (Nicholson sobretudo, claro) que nos ajudem a compreender um pouco o contemporâneo.
Sem entregar o espectador a tediosas postulações moralizantes sobre comportamentos adequados ou não. O filme chega a tudo isso. Continua vivo.

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SÁBADO (8)
Se existe um falso filme bom nos últimos tempos, o nome é "Ela" (2013, HBO Plus, 1h). É também um desses problemas bem hollywoodianos: se o cara fica marcado por filmes profundos, ou meio estranhos, ou apenas bizarros, isso é o que dele se espera pelo resto dos tempos.
E Spike Jonze houve por bem tratar do mundo contemporâneo. Nossa dependência das máquinas eletrônicas. O progressivo distanciamento dos outros seres humanos. Assim é com o Joaquin Phoenix de "Ela".
Esse escritor solitário não parece mais solitário do que as pessoas à sua volta. Todo mundo grudado nos seus celulares. Phoenix, porém, desenvolverá uma relação cada vez mais profunda, cada vez mais amorosa, com o sistema telefônico, que atende pelo nome de Samantha.
Com mais modéstia, humor e eficácia, o tema foi desenvolvido num episódio da série "The Big Bang Theory". Ninguém pensou, porém, em indicá-la ao Oscar.

DOMINGO (9)
O que mais dizer de "Rocco e Seus Irmãos" (1960, Arte1, 15h)? Esse clássico absoluto de Luchino Visconti tem por centro a vida dos pobres: da mãe de Rocco e sua prole. A vida e o destino. Visconti é um desses cineastas que dá aos proletários o estatuto de heróis trágicos.
Em outro registro, também é de heróis trágicos que se trata em "A Conquista da Honra" (2006, Cinemax, 17h). Tudo gira em torno de uma foto (ou duas, veremos no filme) em que soldados erguem a bandeira americana, simbolizando a árdua conquista da ilha de Iwo Jima, na 2ª Guerra.
Importante mesmo é a questão do heroísmo (tantos super-heróis de gibi estão aí como prova): a necessidade de representar em uma pessoa ou em um grupo delas o valor de uma conquista. Não o valor das pessoas, mas o nacional.
Segue-se a questão: qual o destino dos heróis? E até o do heroísmo? Eis o que Clint Eastwood questiona em seu belo filme.

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