A novela Viver a Vida, da Rede Globo, que antecedeu Passione, trouxe à tona uma realidade vivida por muitos brasileiros, a paraplegia. A personagem Luciana mostrava as dificuldades e as possibilidades de um cadeirante.
Apesar da realidade de muitos deficientes ser bem diferente da mostrada na telinha, os personagens da vida real e da ficção têm a mesma missão. A de reaprender a viver.
Assim foi com Benedita Pinheiro, de 28 anos. Ela sofreu um acidente no final de 2008 e ficou paraplégica. A partir desse momento, precisou superar as dores das cirurgias, da perda de muitos movimentos e da separação.
Moradora do Bairro Adriano Correia, em Apucarana, Benedita faz fisioterapia duas vezes por semana e já consegue levar a vida sozinha.
“Reaprendi a viver. No início foi difícil. Depois eu fui vendo que era capaz de conseguir fazer o serviço de casa. Fazer tudo de novo. A partir desse momento não precisei mais de ninguém perto de mim”, afirma Benedita Pinheiro.
O desejo de voltar a caminhar é grande. Mas, ela também tem outros sonhos. Bendita passa horas em frente ao computador estudando para o vestibular. Ela sonha em ser advogada.
“Agora no momento eu procuro estudar e me dedicar bastante”, enfatiza.
Diferente da personagem de Viver a Vida, Benedita não tem uma equipe médica à disposição e nem uma casa adaptada.
Para ter uma vida mais independente, ela precisa de mais acessibilidade.
“As ruas têm que ser melhorada, às vezes, você vai subir numa calçada falta rampa. Com uma cadeira motorizada eu conseguiria ir sozinha até a farmácia, mercado e até mesmo ao hospital. Falta muito isso: ter acessibilidade” reclama.
Para quem não tem o conforto de uma equipe médica particular, a Associação dos Deficientes de Apucarana ajuda as pessoas portadoras de deficiência a se reabilitar.
“Nós temos profissionais ótimos, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos que vão ajudar a pessoa a não se tornar ‘perfeita’, mas com as possibilidades de se continuar uma vida”, frisa a presidente da adefiap Emília Cretuchi.
Ela diz que a novela reporta bem as possibilidades que um deficiente físico pode ter. No entanto, essa não é a realidade oferecida pelo Sistema Único de Saúde.
“A novela mostrou as possibilidades dele ter o retorno, dele poder ir fazer coisas que antes não fazia, mas que poderá fazer. Agora, a realidade do SUS, do tratamento. A saúde no Brasil está bastante deficitária. Isso não é a realidade dos deficientes na maior parte”, assinala.
O fisioterapeuta André Gregório enfatiza que o portador de deficiência física não deve abandonar o tratamento de reabilitação. Ele explica que o procedimento é essencial para reaprender as atividades do dia –a – dia, mesmo com as limitações.
“A fisioterapia a princípio é reabilitar esse cidadão, otimizar as funções das atividades da vida diária dele o mais possível do 100%”, ressalta o fisioterapeuta André Gregório.
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