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Gaeco fecha o cerco contra o jogo do bicho

Um dos jogos de azar mais antigos e tradicionais do País está novamente na mira da Polícia. Operações recentes do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Paraná, que levaram para prisão três delegados da região nos últimos me

Da Redação

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Gaeco fecha o cerco contra o jogo do bicho
Icone Camera Foto por Sérgio Rodrigo
Gaeco fecha o cerco contra o jogo do bicho
Escrito por Da Redação
Publicado em 07.02.2011, 09:33:00 Editado em 27.04.2020, 20:51:27
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Um dos jogos de azar mais antigos e tradicionais do País está novamente na mira da Polícia. Operações recentes do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Paraná, que levaram para prisão três delegados da região nos últimos meses, lembram que apesar de presente no cotidiano dos brasileiros, o jogo do bicho ainda é uma contravenção que precisa ser combatida pelo Estado.

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Irregularmente o ‘jogo do bicho’ movimenta incalculáveis milhões de reais anualmente em uma atividade que gera milhares de empregos informais, movimenta uma economia paralela e por vezes alimenta a criminalidade. O dinheiro gerado precisa ser colocado em circulação, no jargão do crime, precisa ser lavado. E aí que reside o problema, uma vez que, não raro, esse dinheiro financia outras atividades criminosas, como contrabando, tráfico de drogas e propinas.


No Paraná, o jogo do bicho vem sendo alvo da repressão policial através Gaeco, que é coordenado por promotores e conta o trabalho investigativo de policiais militares e civis. No último mês, as operações do Gaeco prenderam sete policiais nos municípios de Jandaia do Sul, Maringá, Faxinal e Cruzmaltina, suspeitos de favorecimento ao esquema em troca de propina.

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De acordo com as investigações do Gaeco, em média, cada um dos corrompidos recebeu cerca de R$ 2 mil por mês nos últimos anos para não cumprir sua missão de combater a contravenção. Em novembro do ano passado, antes das principais operações do Gaeco, policiais militares já haviam estouraram duas bancas do jogo em Apucarana e Jandaia do Sul. Mais de cem pessoas foram detidas, mas os banqueiros não foram identificados.


Segundo o Gaeco, a central do ‘bicho’ descoberta nesta semana em Londrina controlava, com espécies de filiais, o esquema em diversos municípios do Paraná. “Nós encontramos um mapa do Paraná no escritório do banqueiro com marcações na maioria dos municípios. Vamos aprofundar as investigações, mas isto podem ser indícios de que sejam as cidades onde ele atuava”, disse o delegado do Gaeco de Londrina, Alan Flore.

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Corrupção policial


Para o Gaeco, o reflexo mais pernicioso do jogo do bicho é a corrupção dos agentes públicos e é aí que o grupo tem agido. Classificado como contravenção, o jogo tem pena de reclusão de no máximo quatro anos, o que na prática não deixa ninguém na cadeia. “Mas para os servidores é crime, porque deixam de cumprir sua função ao aceitar a corrupção”, diz o delegado do Gaeco Alan Flore. “A grande importância que vemos, e a corrupção dos agentes públicos”, afirma.

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Assim a atividade se mantem há décadas sem combate constante. “Quando atacamos e encaramos estas organizações criminosas é porque para explorar a atividade quase sempre existe a corrupção daqueles que deveriam combater esta atividade”, diz o delegado. O servidor público pode ser penalizado, além da prisão, com a possibilidade de perder o cargo com processo administrativo. A carreira é perdida. O Gaeco diz que continua investigando o resultado das operações “Jogo Sujo I e II”. “Precisamos esclarecer outros detalhes e identificar o envolvimento de outras pessoas, identificar outras organizações criminosas, para responsabilizar os indivíduos de acordo com a lei”, lembra Alan Flore.

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A favor da legalidade

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Apesar de ser uma contravenção, muitas pessoas, adeptas a este jogo não querem o seu fim. O jogo do bicho tem de fácil acesso ao apostador, está em qualquer bar ou mercearia, no centro das cidades e principalmente na periferia, e, ainda, não tem valor definido das apostas. São quatro sorteios diários, que acontecem no Rio de Janeiro, com validade em todo o território nacional.


De acordo com um comerciante, dono de um bar no centro de Apucarana, há 23 anos fazendo o jogo do bicho, o município tem cerca de 500 pontos de apostas e conta ainda com os representantes volantes, que percorrem estabelecimentos comerciais oferecendo apostas. O esquema emprega ainda cerca de 50 entregadores, que que recolhem e distribuem as apostas.


Os representantes recebem comissão de 20% sobre todas as apostas efetuadas. Este comerciante, que tem grande clientela, diz ganhar em média R$ 200 por dia de comissão. “Claro que tem comerciante que vende menos, mas todos ganham alguma coisa. Quem é que quer o fim do bicho?”, questiona o homem de 53 anos.


A classe social dos apostadores é variável. Pobres e ricos fazem uma ‘fezinha’ no jogo do bicho. “Tem empresários que pedem para a gente fazer a aposta, ninguém se importa se é ilegal ou não, porque quando acerta o pagamento do prêmio é feito no ato”, revela. O maior prêmio que diz ter pagado para um apostar de seu estabelecimento foi de R$ 5 mil. “Mas em Marilândia do Sul, sei de uma pessoa que recebeu R$ 30mil. Este é um jogo que ninguém fica milionário, mas sempre ganha alguns troquinhos”, diverte-se o comerciante que, claro, reprova a repressão judiciária contra o jogo do bicho. “Imagina prender policiais, delegados por causa disso. Tem muitos crimes graves acontecendo por aí e não combatem”, frisa.

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