ÁLVARO FILHO
RECIFE, PE - O centro do Recife viveu um clima de domingo em plena quinta-feira como efeito colateral da greve da Polícia Militar.
Ruas desertas, trânsito livre e comércio fechado em nada lembravam os fins de tarde em dias úteis na capital pernambucana.
A diferença é que até as atrações que costumam abrir aos domingos, como o tradicional São Luís, último remanescente dos cinemas de rua do Recife, saíram de cartaz.
Mais cedo, relatos de arrastões levaram pânico a algumas regiões, como a praça do Derby, onde um homem atirou para o alto para dispersar um grupo de 15 delinquentes.
À tarde, na avenida Guararapes, que abriga o boneco do Galo da Madrugada e é uma das mais importantes vias de tráfego da capital, alguns poucos pedestres circulavam apressados, cruzando lojas com as portas cerradas quando o relógio no topo do prédio dos Correios não marcava ainda 17h.
Entre os que se arriscavam havia um trio de turistas. "Estou achando tranquilo e me sentindo segura", disse a carioca Mariana Lira, que caminhava sobre a ponte Duarte Coelho, que corta o rio Capibaribe, ao lado da baiana Carolina Pereira.
"Está meio parecido com o que aconteceu na greve da PM em Salvador. Pouca gente na rua e as coisas fechando cedo. Nem dá para a gente conhecer", lamentou Carolina.
O centro do Recife não registrou ocorrências como arrombamentos e saques, ao contrário do que aconteceu na periferia e em cidades da região metropolitana do Recife.
Aparentemente alheio a tudo, o pescador David Pereira da Silva acompanhou atento a pouca movimentação enquanto trabalhava.
"Estou aqui desde as 10h e só vi o povo correndo de um lado para outro com medo do que estão falando, mas nada aconteceu", disse ele, um dos poucos trabalhadores que cumpriu expediente completo no centro do Recife.
A prova disso foram os cinco quilos de tainha pescados no rio Capibaribe. "Isso aqui não depende da polícia", afirmou ele, orgulhoso, mostrando o balde cheio de peixes. "Isso só tem a ver com o pescador."
MORTES
Em meio à greve, Recife e a região metropolitana registraram cenas como essas: um homem, morto por volta das 22h de quarta (14) em Ipojuca, só teve seu corpo recolhido às 14h desta quinta.
Policiais da Delegacia de Homicídios do município afirmam que só foram avisados ao meio-dia e que a demora ocorreu devido à "falta de comunicação" durante a greve de PMs.
No bairro de Pina, um homem que praticava assaltos na avenida Domingos Ferreira morreu após ser baleado por um motorista que passou, de carro, próximo ao local. O ladrão tentou correr, mas não resistiu e caiu. A Polícia Civil investiga o caso.
Escrito por Da Redação
Publicado em 15.05.2014, 19:40:00 Editado em 27.04.2020, 20:14:41
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