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Diretor do CDP morto no litoral de SP era ameaçado por detentos, diz colega

SÃO PAULO, SP - O diretor de segurança e disciplina do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Praia Grande, Charles Demitre Teixeira, 30, assassinado na quinta-feira (21), vinha sendo ameaçado de morte por detentos, segundo Fabrício Amado, diretor regiona

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 22.08.2014, 17:36:00 Editado em 27.04.2020, 20:10:18
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SÃO PAULO, SP - O diretor de segurança e disciplina do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Praia Grande, Charles Demitre Teixeira, 30, assassinado na quinta-feira (21), vinha sendo ameaçado de morte por detentos, segundo Fabrício Amado, diretor regional do Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo). Os dois trabalharam juntos durante quatro anos.

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Teixeira foi morto em uma emboscada na noite de quinta, quando chegava em casa por volta das 21h, no bairro Princesa, em Santos (a 71 km de São Paulo). Segundo a polícia de Praia Grande, a quantidade de cápsulas encontrada indica que cerca de 60 tiros foram disparados.

"Ele era ameaçado constantemente porque era um diretor rígido. Ele exigia o cumprimento das normas. Era ameaçado porque os presos queriam mais liberdade", disse Amado.

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No total, 120 presos considerados perigosos serão transferidos da unidade para o interior paulista, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). As visitas neste fim de semana também foram suspensas no local.

O CDP abriga cerca de 1.600 presos, mais que o dobro da capacidade.

Segundo a polícia, Teixeira não havia registrado boletim de ocorrência sobre as ameaças, mas andava escoltado. Na noite do crime, porém, a escolta não o acompanhou.

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"O policiamento é muito defasado em Praia Grande, não tem carro disponível. Às vezes desfalcam a escolta para atender outras ocorrências", diz o diretor do Sindasp.

O rigor de Teixeira se aplicava a casos de entrada de drogas no CDP e desacato aos agentes, segundo ele. "Ele levava [detentos] para a delegacia, fazia o processo administrativo e penal para dar respaldo aos funcionários dele", o que irritava os detentos.

"Pelo menos seis agentes não foram trabalhar hoje, apresentaram atestados de estresse e depressão. Os que possuem porte de armas estão indo trabalhar armados, por segurança", completa Amado.

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"Era um chefe de disciplina. Estamos apurando tudo e consideramos todas as possibilidades. Mas, pelo número de pessoas envolvidas e pelo tipo de armamento pesado, [o crime] é fruto de organização criminosa", diz o delegado titular de Praia Grande, Aluízio Pires de Araujo. Os tiros partiram de um fuzil calibre 5.56 e de uma pistola .40.

Segundo Araujo, colegas do diretor confirmaram que ele sofria ameaças.

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CARROS USADOS

O delegado estima que pelo menos três pessoas tenham participado do crime: um motorista e dois atiradores. Mas não descarta o envolvimento de mais gente, porque dois carros podem ter sido utilizados pelos assassinos.

Testemunhas disseram ter visto um carro prateado na hora do crime. Um carro parecido foi encontrado incendiado e com marca de tiro em São Vicente, cidade vizinha, mas era de marca diferente do visto pelas testemunhas. "O primeiro foi um Renault Clio, e o segundo foi um Space Fox", explica o delegado.

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Araujo diz que as imagens de segurança da câmera de um estabelecimento comercial já foram solicitadas, assim como as das câmeras de trânsito. Elas servirão para confirmar a hipótese de uso de dois carros.

Segundo Amado, Teixeira era casado e tinha quatro filhos. O mais novo tem dois anos de idade, e o mais velho, 12. Em nota, a SAP afirma que " prestará toda a assistência à família do funcionário".

"Ele era extremamente correto, educado, religioso. Frequentava a igreja. Ele tinha fé em Deus", diz. "Apesar do risco, ele falava que não ia baixar a cabeça", relata Amado.

O inquérito tem prazo de 30 dias para ser concluído. Entretanto, Araújo prevê que esse tempo será prolongado por causa das perícias necessárias e da quantidade de testemunhas a serem ouvidas.

Tanto a polícia como o Sindasp cogitam o envolvimento do crime organizado no assassinato. "Em São Paulo, 90% dos presos têm alguma ligação com o crime organizado. Se alguém atira em um agente é porque teve o aval do crime organizado", diz Amado.

O Sindasp afirma que está pedindo providências à Promotoria. "Queremos medidas austeras para dar uma resposta ao crime organizado e mostrar que Charles não morreu em vão", diz Amado.

Além disso, o sindicato pedirá que as visitas sejam suspensas por um dia em sinal de luto em todas penitenciárias do Estado de São Paulo.

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