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Em cúpula, europeus prometem investir até US$ 1,2 bi para reduzir desmatamento

ISABEL FLECK, GIULIANA VALLONE E MARCELO LEITE, ENVIADO ESPECIAL* NOVA YORK, EUA - Países europeus prometeram firmar acordos, nos próximos dois anos, para investir até US$ 1,2 bilhão em pagamentos para países que consigam reduzir taxas de desmatamento. O

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 23.09.2014, 12:41:00 Editado em 27.04.2020, 20:08:30
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ISABEL FLECK, GIULIANA VALLONE E MARCELO LEITE, ENVIADO ESPECIAL*
NOVA YORK, EUA - Países europeus prometeram firmar acordos, nos próximos dois anos, para investir até US$ 1,2 bilhão em pagamentos para países que consigam reduzir taxas de desmatamento. O compromisso foi anunciado nesta terça (23) com a Declaração de Nova York sobre Florestas.
É o mesmo tipo de arranjo adotado por Brasil e Noruega com o Fundo Amazônia, que tem previsão de chegar a US$ 1 bilhão. Mas o Brasil não aderiu à declaração por discordar, segundo a reportagem apurou, do compromisso de desmatamento zero.
A declaração é por ora o principal resultado da Cúpula do Clima convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. Trata-se mais de uma carta de boas intenções do que um plano prático para cortar pela metade o desmatamento até 2020 e zerá-lo até 2030.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, alega que o país não foi consultado. Os organizadores do documento dizem que uma versão preliminar foi apresentada ao governo brasileiro em julho, ainda no início de sua preparação.
A restrição verdadeira do Planalto diz respeito à ausência de distinção, no texto, entre desmatamento legal e ilegal. Como a lei brasileira permite manejo sustentável de florestas e derrubada de áreas para agricultura, dentro de certos limites (20% a 50%, na Amazônia), o país não poderia aderir ao desmatamento zero.
"Não faz sentido o Brasil deixar de apoiar uma declaração sobre a proteção e manejo sustentável das florestas", diz Tasso Azevedo, que foi diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro. "Este é o momento do Brasil se juntar ao esforço global para zerar a perda de cobertura florestal."
REDUÇÃO DE EMISSÕES
O texto da declaração propõe ainda cortar entre 4,5 bilhões e 8,8 bilhões de toneladas de carbono emitidas com o desmatamento a cada ano. Seria o mesmo que tirar de circulação o bilhão de carros que há hoje no mundo. E, também , recuperar 3,5 milhões de quilômetros de matas degradadas (uma área do tamanho da Índia).
"A Declaração de Nova York tem por meta reduzir mais poluição climática, a cada ano, do que os Estados Unidos emitem anualmente", disse Ban Ki-Moon.
"As florestas não são apenas uma parte crítica da solução para o clima -as ações acordadas hoje vão reduzir pobreza, aumentar a segurança alimentar, aperfeiçoar o império da lei, assegurar os direitos dos povos indígenas e beneficiar comunidades no mundo todo."
Para isso, o compromisso teria de contar com o apoio de muitos países com muitas florestas. Não estranha que fique de fora um governo como o brasileiro, em que foram relegadas a segundo plano a questão indígena e a da regularização fundiária na Amazônia.
Outros países com floresta tropical assinaram a declaração, como Peru, Colômbia, Guiana, República Democrática do Congo e Indonésia. Mas nenhum chega perto dos 4 milhões de quilômetros quadrados de mata amazônica em território brasileiro.
Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Noruega -os europeus suspeitos de sempre- apoiam a declaração. A Noruega anunciou dois novos acordos bilaterais, com Peru e Libéria, para pagamento de contrapartidas por resultados concretos na proteção de florestas e diminuição de desmatamento.
Erna Solberg, primeira-ministra norueguesa, afirmou: "A ciência nos diz que não iremos limitar o aquecimento global a dois graus [2ºC] sem um esforço maciço nas florestas".
A novidade política da declaração foi reunir o apoio de grandes empresas, entidades indígenas e governos regionais. Assinam o documento mais de 130 entidades. Até o Acre, governado pelo mesmo PT que, no governo federal, refugou a declaração, assinou.
Jorge Viana, petista que governou o Estado por oito anos e é irmão do atual governador, Tião Viana, disse em Nova York defender que o país assuma a liderança na questão de florestas: "O Brasil já é hoje o grande protagonista do ponto de vista da redução de emissões".
Há vários pesos pesados do setor empresarial entre os signatários: Unilever, Walmart, Nestlé, McDonalds, Johnson & Johnson, General Mills, Procter & Gamble. Mais importante, talvez, é encontrar na lista gigantes do agronegócio, como Cargill, Golden Agri-Resources e Wilmar.

*O jornalista Marcelo Leite viajou para Nova York a convite da Burness Communications e da Fundação Ford.

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