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Sistema socioeducativo recupera adolescentes que cometeram delitos

Lucas Manoel Ferreira Gonçalves, 18 anos, foi um dos mais de 4,5 mil adolescentes que, por terem cometido algum ato infracional, cumpriu este ano medida socioeducativa nas 26 unidades de atendimento existentes no Paraná. Depois de passar seis meses no C

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.12.2014, 13:57:00 Editado em 27.04.2020, 20:04:45
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Lucas Manoel Ferreira Gonçalves, 18 anos, foi um dos mais de 4,5 mil adolescentes que, por terem cometido algum ato infracional, cumpriu este ano medida socioeducativa nas 26 unidades de atendimento existentes no Paraná. Depois de passar seis meses no Centro de Socioeducação Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, ele voltou para casa no dia 1º de maio decidido a mudar de vida. 

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Matriculou-se em um colégio estadual para concluir o ensino médio, arrumou emprego em uma loja de material de construção no bairro onde mora com a mãe, o Alto Boqueirão, em Curitiba, e começou dois cursos: um de inglês e outro na área de petróleo e gás. “Quando eu entrei na Delegacia do Adolescente fui incentivado a terminar o ensino médio e estudei durante todo o tempo em que fiquei no Cense. Este ano fiz o Enem e ano que vem devo concluir os estudos”, explica Lucas, que ainda não decidiu qual faculdade irá fazer. 

Lucas conta que todo esforço é para garantir um futuro melhor para ele e para a mãe, Marli Ferreira Gonçalves. “Cometi um ato sem pensar. Nesta sociedade onde o que vale é a ostentação, muitos jovens acabam buscando o caminho mais fácil para ter as coisas”, diz. 

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O adolescente considera difícil o período em que ficou no Cense, principalmente em função do afastamento da família, mas que tudo lhe serviu como aprendizado. “Me ajudou a crescer. Passei a dar valor às coisas mais simples, descobri que o dinheiro não é tudo e que a liberdade é uma das coisas mais importantes para uma pessoa”. 

Neste momento, Lucas saiu do último emprego, na área de televendas, e se prepara para trabalhar na praia com a mãe, em um quiosque de lanches, durante o verão. O curso de petróleo e gás ele parou porque avaliou que não gostaria de trabalhar na área, mas manteve o de inglês. 

Para Lucas, as várias atividades oferecidas nas unidades socioeducativas do Paraná ajudam no desenvolvimento dos adolescentes. Das atividades que praticava no Cense Fazenda Rio Grande, ele destaca o futebol, as sessões de filme e o incentivo à leitura. “Podíamos emprestar livros e, com isso, pude ler bastante, principalmente textos filosóficos que são os que mais gosto”, conta. 

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APRENDIZADO - A rotina de um Cense também fez parte da vida do gesseiro Felipe Lopes F. Alves, 18 anos, que foi interno da unidade São Francisco, em Piraquara, por um ano e cinco meses. “Todo tempo que passei no Cense me serviu para refletir sobre a vida e fazer planos para um futuro melhor aqui fora”, conta. 

Felipe diz que o apoio e os conselhos de vários profissionais da unidade, como professores e educadores, foram fundamentais para que mudasse de vida. Ele é grato ainda às pessoas que fazem trabalho ecumênico com os adolescentes. Com algumas dessas pessoas, Felipe construiu uma forte amizade que se mantém até hoje, fora dos muros do Cense. 

Para o adolescente, o tempo passado no São Francisco não foi perdido. “Fiz muitos cursos, como informática, jardinagem, garçom e para colocação de pisos e azulejos. Aprendi muitas coisas que hoje uso na minha vida profissional e até pessoal”. Casado, Felipe planeja agora trabalhar em uma grande empresa e ter filhos. 

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ESTRUTURA – O Paraná possui 18 Censes e sete Casas de Semiliberdade, que são administrados pela Secretaria da Família e Desenvolvimento Social. Juntos oferecem 1.100 vagas. Nas unidades os adolescentes recebem atendimento integrado, com escolarização, cursos de qualificação profissional, acompanhamento psicológico, além de participarem de oficinas culturais e atividades esportivas. 

A coordenadora de Medidas Socioeducativas da Secretaria da Família, Cláudia Foltran, explica que os projetos desenvolvidos têm o objetivo de potencializar o caráter educativo da medida socioeducativa em todos os âmbitos, com foco no desenvolvimento pessoal, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o mundo do trabalho, conforme determina o artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 

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A escolarização é ofertada aos adolescentes em todas as unidades por meio de uma parceria com a Secretaria de Estado da Educação. As aulas são ministradas por professores da rede estadual de ensino e acontecem de segunda a sexta-feira, nas próprias unidades. 

Os adolescentes também têm a oportunidade de fazer cursos de qualificação profissional do Pronatec nas áreas de Elétrica Automotiva, Mecânica Automotiva Leve, Mecânica de Freios. Eletricista de Automóveis, Suspensão e Direção de Veículos, Pintor de Obras, Administração (Auxiliar Administrativo e Auxiliar de Arquivo) e Computação (Operador). No contraturmo escolar há ainda aulas de ofícios específicos nas áreas de alimentação, serviços e construção civil. 

De julho de 2013 a julho de 2014, um total de 2.693 adolescentes receberam certificados de conclusão dos cursos. Outros 973 alunos, que ingressaram nos cursos já em andamento, receberam declaração de participação. 

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Os meninos e meninas que cumprem medida socioeducativa podem ainda participar de oficinas artísticas e culturais. As atividades são coordenadas pelo Projeto CulturAção, que tem o objetivo de despertar o interesse pelas artes, desenvolver a criatividade, melhorar a linguagem e estimular o raciocínio lógico, além de promover o resgate da autoestima e proporcionar condições para a formação de sua autonomia. 

INVESTIMENTOS – O trabalho desenvolvido nas unidades socioeducativas do Paraná tem alcançado bons resultados. De 2011 a 2013, o número de reincidentes no ato infracional caiu de 29% para 22%. Este índice é quase metade da média nacional apontada pelo Conselho Nacional de Justiça que, em 2012, era de 43%. 

INVESTIMENTOS - A conquista é resultado dos investimentos no processo de reestruturação do sistema socioeducativo do Paraná, iniciado em 2011. Nesse período, o Estado aplicou R$ 82,5 milhões na melhoria das unidades, fortalecimento das atividades desenvolvidas para os adolescentes e na capacitação e aprimoramento de gestão dos servidores que atuam na área. 

“Podemos afirmar que a excelência na qualidade do atendimento aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa em todo o Estado foi o princípio básico que norteia todas as etapas de nosso trabalho”, diz Cláudia Foltran. 

Para qualificar o atendimento oferecido aos adolescentes, neste momento, a Secretaria da Família está concluindo um concurso público para contratação de 400 educadores sociais e promovendo um circuito de capacitações que atenderá até abril de 2015 os 1.500 servidores da área.

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