Por Mariana Haubert
BRASÍLIA, DF, 3 de abril (Folhapress) - O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, afirmou hoje que o Brasil já conseguiu identificar cerca de R$ 19,6 bilhões depositados no país e no exterior que podem ser fruto de esquemas de lavagem de dinheiro.
O montante foi levantado em investigações que tiveram auxílio de laboratórios contra a lavagem de dinheiro em diversos estados. Os laboratórios são uma iniciativa do Ministério da Justiça que criou o programa em 2006.
Até março do ano que vem, serão investidos R$ 41 milhões na criação e instalação de 43 laboratórios em todos os estados do país.
"Saímos de um cenário de 13 laboratórios em 2010, com investimento de R$ 4 milhões nessas tecnologias e chegamos agora a um cenário de 43 laboratórios com mais R$ 36 milhões investidos", afirmou Abrão em entrevista coletiva após a cerimônia de assinatura de treze novos acordos de cooperação técnica para a expansão da rede nacional de laboratórios. Seis mil pessoas em todo o país foram treinadas para atuar com as novas tecnologias.
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que assinou os acordos, "o detectar da lavagem de dinheiro pode ser muito mais eficaz e rápido se tivermos equipamentos tecnológicos que permitem fazer esse trabalho [de identificação]. Os laboratórios foram acolhidos pelo ministério como uma política correta de combate à corrupção", disse.
De acordo com Abrão, os laboratórios permitem uma análise de um grande volume de informações com rapidez além de gerar relatórios com alto grau de precisão, o que diminui a possibilidade de erro humano. "Isso aperfeiçoa as investigações e o próprio sistema de Justiça, diminuindo as chances de impunidade nos casos de corrupção", disse.
O secretário afirmou que nos oito anos de funcionamento dos laboratórios, 1808 casos foram analisados levando à identificação de R$ 19,6 bilhões de ativos com indício de irregularidades. De acordo com Abrão, as investigações permitiram o bloqueio de cerca de US$ 200 milhões no exterior. "Esse montante foi devidamente identificado e está aguardando as ações judiciais terem o trânsito em julgado no Brasil para que possam ser devidamente repatriados", disse.
Além disso, o país já iniciou 21 negociações com outros países onde os valores estão depositados para que haja a recuperação do montante.
Abrão citou como exemplo algumas operações que tiveram auxílio das tecnologias empregadas pelos laboratórios, como os trabalhos prévios da Polícia Federal de enfrentamento ao PCC, em São Paulo, o caso do propinoduto, descoberto em 2002 no Rio de Janeiro, e o escândalo da construção do edifício do Tribunal Regional do Trabalho em que o juiz Nicolau dos Santos Neto foi condenado pele desvio de recursos para a obra.
"Hoje, podemos dizer que todas as grandes operações que envolvem grande volume de informações passam devidamente pelas estruturas dos laboratórios", disse.
Escrito por Da Redação
Publicado em 03.05.2014, 09:57:00 Editado em 27.04.2020, 20:15:18
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