2 - Investigação contra Argôlo irá para o Conselho de Ética da Câmara

MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF - Por unanimidade, a cúpula da Câmara decidiu encaminhar para o Conselho de Ética da Casa a investigação contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) para que se apure o seu envolvimento com o doleiro preso Alberto Youssef, pivô de uma operação que desmontou um esquema milionário de lavagem de dinheiro.
Uma representação contra ele foi apresentada na Corregedoria da Casa pelo deputado Rubens Bueno (PPS-PR). Hoje, o corregedor, deputado Átila Lins (PSD-AM), apresentou o seu parecer em que considera que há fortes indícios de práticas incompatíveis com o decoro parlamentar por parte de Argôlo. Apesar de não ter escrito em seu relatório, Lins considera que Argôlo deve perder o mandato devido à gravidade dos fatos noticiados.
"Considerei que a argumentação [do parecer] foi muito consistente e muito sólida e agora encaminho o processo para o Conselho onde o parlamentar terá o direito de apresentar a sua defesa", afirmou o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ao final da reunião.
De acordo com Lins, Argôlo apresentou hoje um pedido de prorrogação do prazo para apresentar sua defesa. Ele assinou o documento em que é citado como investigado na Corregedoria no último dia 7, e partir daí, teve cinco dias úteis para apresentar a sua defesa, prazo que se encerrou no fim da tarde de hoje.
O corregedor considerou o pedido incabível e finalizou seu parecer. Segundo ele, a única justificativa do deputado foi afirmar que o caso "era grave", argumento considerado insuficiente. Dessa forma, Argôlo poderá apresentar sua defesa apenas no Conselho de Ética.
Outra representação contra o deputado já foi apresentada ao Conselho de Ética pelo PSOL. O colegiado realizará uma reunião amanhã pela manhã para deliberar sobre a aceitação da representação. Um deputado será escolhido para relatar o pedido de aceitação das denúncias. Caso o conselho aprove a representação nesta primeira fase, o processo de investigação será aberto. As duas representações poderão então, ser apensadas e tramitarão como uma só.
O Conselho de Ética já iniciou as investigações contra o deputado André Vargas (sem partido-PR) também por envolvimento com Youssef. Afastado desde o mês passado, Vargas retomou o seu mandato na Câmara hoje para poder se defender no processo. Ele é acusado de ter viajado com a família em um jatinho emprestado pelo doleiro e de ter usado sua influência política para facilitar negócios de Youssef.
Na semana passada, a Folha de S.Paulo revelou que relatório da Polícia Federal interceptou mensagens de texto indicando que o Argôlo pediu dinheiro ao doleiro para pagar gado em seu Estado, na Bahia.
O deputado também pagou com cota parlamentar da Câmara dos Deputados uma empresa para qual ele pede um depósito de R$ 50 mil ao doleiro, informação revelada por uma gravação feita pela Polícia Federal.
No mês passado, a revista "Veja" publicou que Argôlo pedira R$ 120 mil para Youssef, que transferiu para o chefe de gabinete do deputado. Segundo a revista, Argôlo nega que o 'LA' do relatório policial seja ele.