Prefeito cassado de Americana (SP) volta ao cargo após liminar

LUCAS SAMPAIO
CAMPINAS, SP - Cassado pela última instância da Justiça Eleitoral no último dia 29 de maio, Diego de Nadai (PSDB) voltará à Prefeitura de Americana, cidade de 225 mil habitantes a 127 km de São Paulo, em caráter provisório.
Diego conseguiu na noite desta quinta-feira (24) liminar do ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para voltar e permanecer no cargo até que sejam julgados os embargos de declaração apresentados pela sua defesa.
O tucano e seu vice foram cassados pelo TSE por gastos irregulares na campanha de 2012, quando disputava a reeleição. Havia assumido em seu lugar o presidente da Câmara e aliado de Diego, Paulo Chocolate (PSC), até que novas eleições fossem realizadas - o que ainda não ocorreu.
No mês passado, Chocolate chegou a dizer que a cidade estava com "dois prefeitos" e anunciou o prefeito cassado como seu secretário de Governo, mas recuou após forte repercussão negativa.
"É difícil colocar uma pessoa cassada no poder", justificou-se o vereador. "A população não aceitou, teve uma reação contrária. Ele entendeu e não quis assumir como secretário."
Diego é réu em oito ações de improbidade administrativa, uma delas ao lado de Chocolate - o tucano teve de exonerar o então cunhado do vereador, nomeado para cargo de confiança na prefeitura.
Sobre a decisão desta quinta, Paulo Chocolate afirmou que "agora ele [Diego] assume e eu volto para a Câmara". "Se a Justiça mandar, eu volto à prefeitura."
A reportagem não conseguiu contato na noite desta quinta com Diego de Nadai, que viajou a Brasília para acompanhar o julgamento.
Em sua decisão, Gilmar Mendes afirmou que suspendeu o acórdão do TSE porque "a permanência precária do presidente da Câmara [...] à frente da chefia do Poder Executivo municipal poderá revelar contornos de sucessão, o que a Constituição Federal não permite".
AMIGOS
"Continuamos a ser amigos", disse Chocolate sobre a relação com Diego. Ao analisar seu breve mandato, o presidente da Câmara afirma que "estava fazendo um trabalho bem-feito, pagando as contas, ajeitando a casa".
"Bagunçada é pouco. Tinha muita coisa para pagar, débito para todos os lados, coisa desde 2011", diz o aliado de Diego. "É o jeito dele de administrar, devendo para todo mundo. Nós entramos para acertar a casa. Agora ele volta como prefeito, não sei até quando."
Ao ser questionado sobre a relação entre Executivo e Legislativo municipais, Chocolate disse que irá "ver como vai ficar". "Tem que deixar ele assumir primeiro para depois falar."