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Mortes de agricultores elevam tensão por disputa de terra em Mato Grosso

SÃO PAULO, SP - Pouco mais de uma semana após denunciar extração ilegal de madeira, desvio de verba e emissão irregular de títulos de terra, o agricultor Josias Paulino de Castro, 54, e sua esposa, Ereni da Silva Castro, 35, foram mortos em Mato Grosso. A

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.08.2014, 17:05:00 Editado em 27.04.2020, 20:10:28
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SÃO PAULO, SP - Pouco mais de uma semana após denunciar extração ilegal de madeira, desvio de verba e emissão irregular de títulos de terra, o agricultor Josias Paulino de Castro, 54, e sua esposa, Ereni da Silva Castro, 35, foram mortos em Mato Grosso. As vítimas foram encontradas numa estrada em Guariba, zona rural de Colniza (a 1.065 km de Cuiabá).

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Josias era presidente da Associação dos Produtores Rurais Nova União (Aspronu) do assentamento Projeto Filinto Müller.

Moradores acionaram a Polícia Civil no início da manhã do domingo (17) para indicar o local dos corpos. O casal provavelmente andava de moto quando foi alvejado. Havia nove cápsulas de pistolas de 9mm próximas aos corpos. Ereni estava de capacete e segurava uma máquina fotográfica, que foi atingida.

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A perícia no local do crime não foi realizada. Segundo a polícia técnica do Estado, não houve solicitação pela Polícia Civil.

Segundo Ademilson Silva, dono da funerária que preparou os corpos para o enterro e os levou para Rondônia, um médico legista teria olhado rapidamente os corpos. "Como o serviço é muito precário, só deram uma olhada. A polícia olhou e liberou", disse. A Polícia Civil não sabe informar qual unidade realizou a necropsia. A funerária não recebeu o documento com a declaração de óbito, de acordo com o proprietário.

Segundo a Polícia Civil, Castro era conhecido na região pelo seu trabalho de liderança no assentamento. O delegado Marco Remuzzi investiga a possibilidade de participação de desafetos do agricultor. Um inquérito foi instaurado e testemunhas devem ser ouvidas nesta semana.

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Em 5 de agosto, Josias participou de uma reunião no Instituto de Terras de Mato Grosso em Cuiabá. Participaram do encontro autoridades municipais, estaduais e federais da área de segurança e agricultura. Josias reiterou suas denúncias ao ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva, sobre emissão ilegal de posse de terra por órgãos estaduais e presença de pistoleiros na região. Josias alertou que estava ameaçado de morte.

"Assim como Josias, também fui ameaçado. Aqui lutamos por justiça. A corrupção é muito grande", diz o agricultor José Valdivino da Silva, 48, morador do assentamento há 12 anos. "Ele era meu parceiro de batalha na região", conta Silva sobre Castro. "Nós temos carimbo e assinatura dizendo que essa terra é para nos assentar."

Segundo Silva, o assentamento foi criado na década de 1980 com cerca de 917 mil hectares de terra que hoje estão reduzidas a um terço desta área.

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Em Mato Grosso, três pessoas já morreram neste ano em conflitos no campo. Mesmo número de todo o ano passado. Em nota, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) repudiou a violência recente. Segundo a CPT, somente em 20 dias de julho, sete pessoas foram assassinadas. Neste ano, em todo o Brasil, 23 pessoas já foram mortas em casos de disputas de terra.

"O ouvidor agrário nacional, assim como a Secretaria de Direitos Humanos, tem acompanhado todas as denúncias, ameaças, indícios de irregularidades, mas nada foi feito em vista de barrar o avanço dos assassinatos e do extermínio dos povos do campo", diz a nota da CPT. A comissão também afirma que a violência ocorre em um "momento em que a reforma agrária some dos programas de governo dos principais partidos políticos que disputam a Presidência da República".

A Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) também lamentou as mortes. Em nota, disse que a solução para o conflito no campo é uma reforma agrária "ampla e massiva".

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