A rebelião ocorrida no final de semana na 54ª Delegacia Regional de Polícia, de Ivaiporã, pode ter sido orquestrada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), considerado a maior facção criminosa do país. A Polícia Civil confirmou ontem que detentos mantiveram contato via telefone com supostos integrantes da organização paulistana. Entretanto, não afirmou se o motim ocorreu por determinação do grupo. Durante a revolta, presos renderam um agente carcerário e balearam outro. Dezoito presos conseguiram fugir. Apenas dois foram recapturados até o fechamento desta edição.
“O motim ocorreu por iniciativa de presos de Ivaiporã que renderam o agente carcerário e tiveram acesso ao telefone no setor administrativo. Só depois, através de parentes, fizeram contato com uma suposta organização criminosa. Mas as autoridades não chegaram a negociar com essa organização, por isso não podemos afirmar se realmente era o PCC”, diz o delegado José Aparecido Jacovós, chefe da 17ª Subdivisão Policial.
Jacovós considera a rebelião como um caso isolado e diz acreditar que não eram integrantes do PCC que estavam do outro da linha com os presos rebelados. “Não há risco de o PCC organizar nada em nossa região, porque a agência de inteligência da Polícia Civil consegue se antecipar a qualquer movimento das organizaçãoes criminosas. Então se essa rebelião tivesse sido programada pelo PCC nós teríamos sabido com antecedência”, pontua.
Durante a rebelião, um advogado se identificou como representante de alguns presos repassando exigências para o término do confronto. O defensor disse que o motim terminaria após atendidas solicitações, como a agilização dos processos, melhorias na alimentação e demissão de agentes carcerários.
REBELIÃO
A rebelião teve início no sábado por volta das 19 horas, com manutenção do agente carcerário Maurício César Silva dos Anjos como refém. Dezoito presos fugiram da unidade prisional. Os que não conseguiram entraram na área administrativa da delegacia e, após invadirem o almoxarifado, tomaram posse de uma submetralhadora, duas escopetas, quatro revólveres calibre 38 e uma pistola .40, guardadas no almoxarifado da delegacia.
O agente Fabio Henrique de Oliveira Dantas chegava ao local para a troca de turno no momento da fuga, quando foi atingido por um disparo de revólver que transfixou o quadril. Ele foi encaminhado ao Hospital e Maternidade Ivaiporã e recebeu alta ainda no domingo. Durante o cerco da polícia ao local, houve troca de tiros e, durante a noite e a madrugada, foram ouvidos diversos disparos efetuados dentro da delegacia.
O confronto só terminou no domingo às 10 horas, quando os presos entregaram as armas e liberaram o agente de carceragem. Foi necessário o apoio de 121 policiais, do Batalhão de Choque de Londrina, BOPE/COE de Curitiba e PMs de Apucarana e Ivaiporã no trabalho de contenção.
Segundo o delegado da 54ª DRP, Gustavo Dante, os presos fugiram depois que os detentos se apoderaram de uma arma de fogo arremessada sobre o solário da carceragem. “Nós recentemente conseguimos recursos para trocar a proteção de acesso ao solário, inclusive já havíamos até contratado o serralheiro, mas infelizmente não deu tempo”, assinala Dante.
Houve danos em todos os compartimentos administrativos da delegacia. Dos 18 fugitivos, dois foram recapturados na noite de domingo, em Lidianópolis. Agora, a polícia trabalha para recapturar os 16 foragidos.
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